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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

1º baile




Nesse final de semana fui ao um baile com toda minha família. O primeiro baile em que eu contemplei minha filha como uma moça que ela será. E como nada para mim é entregue ao acaso, recebi um prenúncio de primavera... Para minha retina acostumada a estar atenta, mas passional, era a mais iluminada e bendita.
Teve cólica de suas regras (vai matar o pai por colocar isso a termo, mas corro risco em risos).
- Deixa, o pai cuida filha!
-Essa dor eu sei fazer passar...
- Passou?
- Passou pai
Duas, minto! Três doses de Uísque para mim.
- Vem, vamos dançar! Vamos roubar um pouco do espaço daquela pista de dança.
- Você pai?
- Nós ué!
- Já não dançamos em casa antes?
- Já, mas aqui, maior “mico”!
- “Bora”, pai quer dançar com a menina mais bonita!
Dançamos a noite toda, minha filha, eu e a música, mais nada.
Nos seus olhos o encanto de ver a minha entrega;
Nos meus, uma sensação de estar entregando para ela
meus últimos raios de juventude...
Ainda vou dançar muito!

Luciano Lopes

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Serenata




Começou por esquecer a letra da música, mas o encantamento era tanto que insistia em cantarolar,
embaixo daquela janela, para ele, endereço certo quando a saudade lhe comprimia o peito.
Vivia a esperança de receber um aceno, um lenço, um vulto. Em seu imaginário ouviu certa feita um movimento nas venezianas, uns passos, mais nada .
Com o tempo, deixou de frequentar aquela janela. Não entendia como esquecera por completo aquela música. Pegava atalhos para não ter que passar à frente do que imaginava tão desejado, se sentia desamado. Esqueceu a janela o constrangimento, o caminho.
Ouviu-se madrugada dessas, voltando para casa a música, letra toda. Uma janela enfim lhe correspondeu.
Não há sentido em serenatas para janelas, corações e sorrisos, que não estejam perdidamente receptivos...

Luciano Lopes.